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sábado, 8 de fevereiro de 2014

Matic: “Quem pode decidir dérbi? Cardozo, claro”


Sérvio atribui favoritismo às águias. “É uma equipa melhor”, diz quem está em Londres mas com o coração em Lisboa.

Record – Amanhã joga-se o terceiro Benfica – Sporting desta época. Mas será o primeiro sem Matic. Como antevê a partida?
Matic – Tive oportunidade de estar presente em vários jogos deste tipo, quer contra o Sporting, mas também frente ao FC Porto e são partidas sempre imprevisíveis. E é muito difícil estar a apontar um vencedor porque Benfica e Sporting estão na frente da classificação e a vitória é importante para qualquer lado. Mas acho que vai ser um bom jogo, acima de tudo, e, claro, espero que o Benfica ganhe. É esse o meu desejo porque apesar de já não estar aí sou um autêntico benfiquista.

R – Quem é que chega melhor ao dérbi?
M – O Benfica empatou com o Gil Vicente, mas conseguiu ganhar agora ao Penafiel e, por isso, está motivado. Está na frente do campeonato, continua em quatro competições e a equipa está muito bem. O Sporting também tem feito um bom campeonato, apesar do empate na última jornada. Mas, na minha opinião, o Benfica é favorito, joga em casa e tem uma equipa melhor, com mais soluções.

R – Se tivesse de deixar uma mensagem aos ex-companheiros, o que lhes diria?
M – Acho que nestas alturas não é preciso dizer nada. Todos sabem o que têm de fazer, como se preparar. O Benfica tem jogadores muito experientes e mais do que habituados a este tipo de jogos. Por isso os mais novos só têm de ouvir os mais velhos. E depois tenho a certeza que o Jorge Jesus vai preparar a equipa da melhor forma e não vai escapar nenhum pormenor.

R – Como é que os jogadores se sentem nas horas que antecedem um jogo deste tipo?
M – Durante a semana, e enquanto estamos no estágio, no dia antes, é tudo normal, como se fosse outro jogo qualquer. Depois quando vamos no autocarro e chegamos ao estádio a adrenalina começa a subir, até pelo que vemos à nossa volta. Há muitos adeptos, o estádio está cheio e, aí, o nosso sistema começa a mexer de forma diferente. Não é igual jogar com um estádio cheio ou com poucas pessoas. Percebemos que não é um jogo como os outros, que mexe mais com as emoções dos adeptos. Mas é só o início, quando o árbitro apita esquecemos tudo. Só interessa o que se passa no campo.

R – Quem acha que pode decidir o dérbi no Benfica?
M – (risos) Essa pergunta é fácil de responder. Cardozo, claro. É um jogador muito importante e quando é preciso marca sempre. E o Sporting é um bom adversário para ele, ainda na última vez marcou três golos. Mas também sei que ele esteve lesionado e só voltou agora. Mesmo assim, se estiver bem, pode decidir a qualquer momento. Depois é preciso contar com Gaitán, que é um jogador fantástico e neste tipo de jogos dá sempre nas vistas e faz grandes exibições. E gostaria também que o Fejsa marcasse… de cabeça.

R – Fejsa tem sido o seu sucessor no Benfica. Tem qualidade para o substituir?
M – O Fejsa é um grande jogador, muito profissional e que trabalha sempre no máximo. Está a fazer uma boa época, está a conseguir, no primeiro ano de clube, ser opção muitas vezes e isso é bom. Só demonstra que ele tem muita qualidade. E ainda há o Ruben Amorim e o André Gomes, outros jogadores que podem fazer aquela posição. Aprendi uma coisa neste tempo que estive aí em Lisboa: o Benfica é um clube enorme e é muito maior do que qualquer jogador. Não importa quem saiu porque o Benfica é sempre grande.

R – Mas não sente que é um jogador muito difícil de substituir?
M – Eu jogava muitas vezes, sabia que tinha importância na equipa mas os jogadores que ficaram também têm muita qualidade e a equipa não se vai ressentir.

R – É possível o Benfica ganhar tudo esta época, como disse numa recente entrevista a Record?
M – Essa é a ambição dos jogadores e daí ter dito isso. Temos de jogar sempre para ganhar e ainda por cima num clube como o Benfica onde a exigência é grande. Mas a prioridade, e nós jogadores sabíamos isso, é vencer o campeonato. Depois, tudo o que vier a mais, será bom. Se for possível repetir a campanha da última época na Liga Europa será muito positivo. O principal passa mesmo pela conquista do campeonato e é nisso que os jogadores têm de estar focados.

“Markovic é um jogador fantástico”
Considera que todos os sérvios vão ser úteis na segunda parte da temporada
R – O Benfica contratou muitos jogadores sérvios mas nem todos se conseguiram impor. O Sulejmani vem aparecendo a espaços e o Djuricic ainda não mostrou a qualidade do Heerenveen. O que se passa? Ainda se estão a adaptar?
M – O Fejsa e o Markovic têm jogado com regularidade. O Sulejmani está a aparecer e só o Djuricic é que não tem sido tantas vezes opção. Mas penso que todos os jogadores precisam de seis meses/ um ano para se adaptarem. Aliás, se bem se lembram, passou-se isso comigo…. Tive um ano onde não fui muito utilizado. Não é fácil chegar a uma cidade nova e a um clube tao grande como o Benfica. O Sulejmani, por exemplo, esteve muito tempo sem competir no Ajax, é normal que demore mais a ganhar ritmo. Mas já está a mostrar que é um grande jogador, tal como o Djuricic. É preciso tempo e é necessário também que joguem com regularidade. Quanto ao Markovic, acho que todos veem que é um jogador fantástico e ainda por cima com aquela idade. Mas tenho a certeza que ainda todos vão ser muito úteis na segunda parte da época.

“Vou ter de arranjar maneira de ver o dérbi”
R – Vai conseguir ver o jogo de amanhã?
M – Claro, vou ter de arranjar uma maneira de ver com a minha família. Nós jogamos amanhã [hoje] e no domingo estou disponível. Ainda estou a viver num hotel e, por isso, não tenho os canais portugueses. Mas logo que mude para a minha casa vou pôr todos, o primeiro é logo a Benfica TV (risos). Mas, mesmo assim, tenho acompanhado sempre. Já consegui ver alguns jogos em casa de amigos e quando não é possível acompanho na internet. Sou adepto do Benfica e um adepto tem de estar sempre informado sobre o seu clube. Não é?

“Quando entrei no avião… só chorava”
Lembra últimas horas em Lisboa e promete voltar para se despedir
R – Saiu do Benfica de forma repentina, e após o clássico com o FC Porto. Como tudo se passou?
M – Surgiu a hipótese de sair para o Chelsea e depois as coisas aconteceram de forma muito rápida. Ainda joguei com o FC Porto, consegui ajudar a equipa, mas depois os clubes chegaram a acordo e no dia seguinte segui para Londres. Comigo, o acordo também foi fácil porque era uma oportunidade única na minha carreira. Nem tive tempo de me despedir dos companheiros, nem de ir ao centro de estágio para cumprimentar toda a equipa técnica e restante staff. Todos são pessoas fantásticas.

R – Custou-lhe deixar o Benfica?
M – Se custou? Muito mesmo. Quando entrei no avião para ir para Londres, acompanhado pela minha família… só chorava. Não é fácil esconder as emoções. Eu devo muito ao Benfica, se não tivesse vindo para Lisboa provavelmente nunca estaria no Chelsea. Foi o Benfica que me permitiu evoluir e tornar-me no jogador que sou. Vou guardar sempre os anos que aí passei no meu coração.

R – Jorge Jesus teve também um papel importante na sua evolução?
M – Obviamente. Com ele consegui evoluir em muitos aspetos do meu jogo, até porque não jogava habitualmente na posição 6. Mas tornei-me um jogador muito melhor e só lhe posso agradecer. É um grande treinador.

R – O que Jesus lhe disse quando assinou pelo Chelsea?
M – Falámos a seguir ao jogo com o FC Porto e depois conversámos novamente por telefone quando estava em londres. Desejou-me boa sorte para esta aventura e também quero que ele tenha sucesso. Aliás, aproveitava aqui para lhe dar o meu muito obrigado.

R – Vai voltar a Lisboa?
M – Mal tenha dois dias de folga meto-me no avião e vou a Portugal. Quero despedir-me de todos com tempo e agradecer também por tudo o que me ajudaram. Já tenho saudades do país, das pessoas, do clube. E claro, do tempo. Aqui está sempre a chover.

R – Como estão a ser os primeiros tempos em Londres? Foi titular com o Manchester City e realizou uma grande exibição. Está tudo a correr bem?
M – Sim, o mais importante é que já estou a conseguir ajudar a equipa. Esta é a segunda oportunidade no Chelsea e quero aproveitar tudo ao máximo. Sei que ainda posso evoluir e melhorar vários aspetos do meu jogo. Quero justificar a aposta que fizeram na minha contratação.

R – E que lhe disse José Mourinho?
M – Conversámos quando cheguei. Desejou-me também boa sorte e disse que estava contente por ter-me aqui. Também estou feliz. Ele é um dos melhores do Mundo.

“Falamos muito do Benfica”
R – O balneário do Chelsea tem outros jogadores que passaram pelo Benfica: David Luiz e Ramires. Uma espécie de família?
M – Todos gostamos do clube e ainda falamos do Benfica. Principalmente depois dos jogos, já aconteceu comentarmos o que aconteceu. Segunda-feira, depois do dérbi, não vai ser diferente.

R – Também o ajudaram na adaptação?
M – Sim. Todos têm sido bons amigos. Também está cá o Ivanovic, que já da primeira vez que aqui estive foi muito importante na minha adaptação. Agora também está a ajudar-me. É um grande jogador, aliás este plantel tem uma enorme qualidade.

Jornal Record

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